Papa João Paulo II visitou o Brasil três vezes
Primeira visita – 1980
Durante sua primeira visita ao Brasil, João Paulo II beatificou o jesuíta José de Anchieta, que chegou ao país em 1553 para catequizar os habitantes. O Papa também participou do X Congresso Eucarístico Nacional, realizado entre 30 de junho e 12 de julho de 1980, em Fortaleza, Ceará. Na ocasião, foi recebido pelo general João Batista Figueiredo, último presidente brasileiro do período da ditadura militar.
Segunda visita – 1991
Na segunda visita, João Paulo II foi recebido pelo presidente Fernando Collor de Mello. Em Salvador, capital da Bahia, visitou irmã Dulce, conhecida por seu trabalho dedicado às crianças carentes, que na época já enfrentava problemas de saúde.
Terceira visita – 1997
Na terceira e última visita, o Papa foi recebido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e participou do II Encontro Mundial do Papa com as Famílias, no Rio de Janeiro. João Paulo II permaneceu quatro dias na cidade, realizando discursos nos quais condenou o divórcio, o aborto e os métodos contraceptivos. Um dos momentos mais marcantes foi quando ele abençoou a cidade aos pés do Cristo Redentor, emocionando milhares de fiéis.
Ao término da missa, João Paulo II foi levado de helicóptero até o bairro de Grande São Pedro, onde foi recebido com muita emoção e acolhida fraterna pelos moradores. Na época, a região enfrentava extrema pobreza: muitos viviam em palafitas sobre o mangue, barracos de madeira ou casas inacabadas, e a comunidade lidava diariamente com os lixões. Durante a visita, o Papa presenciou protestos contra o extermínio de crianças, pedidos de justiça pelo assassinato do Padre Gabriel Maire e fez duras críticas ao “capitalismo selvagem e à acumulação de riqueza”.
Mesmo sob a chuva, João Paulo II realizou um emocionante discurso no bairro São Pedro, que ainda era considerado um depósito de lixo. Durante a visita, o Papa fez uma generosa doação de 100 mil dólares para a igreja, recurso que contribuiu significativamente para a comunidade. Segundo o padre Kelder Brandão, da paróquia São Pedro Apóstolo, parte dessa doação foi utilizada na construção do Centro de Formação João Paulo II, onde hoje funcionam cursos, a secretaria e a casa do padre.
"O apelo feito pelo Papa foi muito emocionante. O local tinha uma infraestrutura bastante precária. Foi um momento histórico e muito significativo para o Estado e, principalmente, para as pessoas da região", lembra o padre Kelder. Além da doação do Papa, ele conseguiu complementar os recursos com ajuda vinda da Espanha, garantindo a finalização da construção do centro.
A visita ao Vidigal começou às 8h da manhã do dia 2 de julho de 1980, marcando um momento histórico para a comunidade. Na ocasião, o Papa inaugurou a capela de São Francisco de Assis, construída em mutirão pelos próprios moradores. Em seu discurso, emocionou a todos ao declarar:
"Vim aqui, não por curiosidade, mas porque amo vocês e lhes quero bem."
Ali, João Paulo II pôde ver de perto as dificuldades diárias enfrentadas pelos moradores, subindo escadarias íngremes sob chuva ou sol. Em um gesto inesperado e profundamente emocionante, durante a missa, retirou seu anel pontifício e o entregou ao padre Ítalo Coelho, pároco do Vidigal, como forma de ajudar nos problemas financeiros da comunidade, sob o olhar surpreso de Dom Eugênio Sales.
Dias depois, a joia foi confiada ao frei Benjamin Remiro Diaz, da paróquia Santa Mônica, no Leblon. Feito de ouro maciço, o anel possui 18 quilates e pesa 21 gramas.
"O anel não foi vendido, nem leiloado. Dom Eugênio achou melhor guardá-lo no Museu de Arte Sacra, onde permanece até hoje. Foi feita uma réplica que, por sugestão do próprio Papa, ficou com os moradores", conta frei Benjamin, atualmente vigário da Nossa Senhora da Saúde, em São Paulo (SP).
O Anel do Pescador: História, Tradição e a Generosidade de João Paulo II
O que é o Anel do Pescador?
Após a morte de um Papa, o Camerlengo do Vaticano destrói o chamado anel do Pescador, símbolo do pontífice, em cerimônia na presença dos Cardeais. Com a renúncia de Bento XVI, o seu anel e o selo de chumbo foram devolvidos, mas, para evitar falsificações, a joia, avaliada em 5 mil euros, foi inutilizada.
Feito em ouro, o anel traz em baixo relevo a figura de São Pedro pescando em um barco. O novo anel, como o do Papa Francisco, é fundido com o ouro do último anel e possui, em alto relevo, o nome do Papa em latim. Uma tradição mantida até hoje é ajoelhar-se e beijar o anel, em sinal de respeito ao pontífice.
O furo jornalístico
Tudo poderia ter passado despercebido se não fosse a curiosidade do jornalista baiano José Renato Riella, residente em Brasília. Acompanhando de perto o Papa, Riella foi informado pelo padre sobre o gesto e rapidamente transmitiu a notícia, que acabou circulando pelo mundo. A entrega do anel aconteceu junto à capela de São Francisco do Vidigal, construída pelos moradores especialmente para a visita de João Paulo II.
Um legado de caridade
O gesto do Papa João Paulo II relembra a atitude de Paulo VI, que em 1965 mandou vender sua tiara de ouro e brilhantes para financiar obras de caridade. Hoje, o Anel do Pescador entregue por João Paulo II ao padre Ítalo permanece como símbolo de generosidade e amor ao próximo, especialmente relevante em momentos como a Jornada Mundial da Juventude no Rio, que relembra a importância da solidariedade.
Fonte: http://blogdoriella.com.br/e-o-anel-de-joao-paulo-ii-ficou-no-rio-de-janeiro/
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/PapanoBrasil/
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